Olá Nutri! A anemia por deficiência de ferro é um problema de saúde pública global, com dados que variam bastante entre países e grupos populacionais. Por isso, é um assunto de suma importância na prática clínica do nutricionista. Assim sendo, o nosso assunto de hoje é sobre as Diretrizes e Protocolos do Ministério da Saúde sobre essa doença.
Analisando o cenário global
A anemia é uma das deficiências nutricionais mais prevalentes no mundo, e a anemia por deficiência de ferro (ADF) é a principal causa de anemia, sendo responsável por cerca de 90% dos casos.
- Prevalência Geral: A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a anemia afeta aproximadamente 30% da população mundial. Isso equivale a mais de 2 bilhões de pessoas, sendo um dos problemas de saúde mais relevantes globalmente.
- Grupos de Risco: As populações mais vulneráveis são as mulheres em idade fértil, crianças e gestantes.
- Cerca de um terço das mulheres adultas no mundo é afetada.
- A prevalência em crianças menores de cinco anos é particularmente alta em países em desenvolvimento.
Cenário Brasileiro
No Brasil, a ADF é um problema de grande magnitude, atingindo principalmente os grupos de risco mencionados acima. Dados de diferentes estudos e períodos mostram a dimensão do desafio:
- Crianças: A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 2006, um dos estudos mais amplos sobre o tema no país, constatou que 20,9% das crianças menores de 5 anos apresentavam a doença, o que representava cerca de 3 milhões de crianças. Outros estudos mais regionais e recentes apontam prevalências ainda maiores, chegando a 33% em algumas análises com crianças.
- Mulheres: A prevalência em mulheres no Brasil também é elevada, alcançando 29,4% de acordo com a PNDS.
- Distribuição Regional: Embora a anemia afete o país como um todo, as prevalências são mais altas nas regiões Nordeste e Sudeste. Análises de internações hospitalares entre 2019 e 2023 indicam que a Região Sudeste lidera em número de casos, seguida pelo Nordeste.
- Aumento de Casos: Um estudo recente (2024) sobre o perfil epidemiológico das internações por ADF no Brasil entre 2019 e 2023 mostrou uma tendência crescente, com o número de hospitalizações atingindo o pico em 2023. Isso aponta para a necessidade de atenção contínua e políticas públicas eficazes de prevenção e controle.
Portanto, a anemia por deficiência de ferro é um desafio epidemiológico global e nacional, com impactos significativos na saúde de crianças e mulheres. Os dados no Brasil reforçam a necessidade de intervenções direcionadas e políticas de saúde pública para combater essa carência nutricional.
Para uma intervenção padronizada e coerente, o Ministério da Saúde (MS), por meio da CONITEC, publicou um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que serve como um guia fundamental para o diagnóstico, tratamento e prevenção desta condição.
Entendendo a Anemia por Deficiência de Ferro
Os sintomas e sinais da ADF se agravam à medida que a condição evolui. É crucial investigar causas como sangramento no trato gastrointestinal, especialmente em mulheres pós-menopausa e homens. O diagnóstico é feito principalmente através de um hemograma, que avalia os índices hematimétricos.
Tratamento e Suplementação
É importante ressaltar que o tratamento para a ADF deve ser cuidadoso, pois nem todas as anemias são causadas por deficiência de ferro, e a suplementação indiscriminada pode ser prejudicial à saúde. O organismo não possui mecanismos para eliminar o excesso de ferro.
Considerações para Grupos Específicos
O protocolo aborda a importância de atenção especial a grupos vulneráveis:
- Crianças: Crianças prematuras ou com baixo peso ao nascer devem receber suplementação de ferro precocemente devido à baixa reserva. Já crianças nascidas a termo e que são amamentadas exclusivamente no peito não precisam de suplementação até aproximadamente os seis meses de vida.
- Gestantes: Devido ao aumento das necessidades diárias de ferro durante a gestação, a administração profilática de ferro por via oral é o procedimento mais adequado, especialmente em regiões com alta prevalência de ADF. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma dose de 60 a 100 mg de ferro elementar, combinada com 400 µg de ácido fólico, para gestantes sem anemia. A suplementação deve começar no segundo trimestre e continuar até 1 a 3 meses após o parto.
O nutricionista deve sempre acompanhar os resultados do hemograma de seus pacientes e direcionar o plano alimentar!